sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Dois medos


Ontem eu li no Twitter que o Carlos Cardoso tem o mesmo temor que eu, ficar para trás no mundo, chegar em um ponto que se torna incapaz de viver com a nova tecnologia, isso é virar dinossaurão. Percebi que tinha esse medo quando, uns 3 anos atrás, ajudei um cara aleatório a comprar uma garrafa de água. Ele não conseguia distinguir o que era com gás e sem, eu sei, ninguém pensa muito nisso, você abre a geladeira e pega a tampa azul que não tem gás e pronto. Mas ele não conseguia, e nem conseguia abrir a geladeira. Não estava bêbado, não tinha problemas mentais, ele só ficou para trás.

Outro medo é de ficar numa bolha.

Eu entendo quem escolha uma bolha e se enfie nela, ok, é uma escolha. Mas a maior parte acaba na bolha sem perceber. Quando viu só consome um tipo de notícia, só tem amigos da mesma idade e do mesmo ramo e até da mesma opinião.

Na política e do convívio geral não tenho muito medo de bolha, acho que me mantenho em contato com muita divergência. Pelo menos sou chamado de conservador/opressor na mesma proporção que me chamam de esquerdista e liberal. Então estou fazendo alguma coisa certa.

Mas na cultura pop que a coisa pega. É muito fácil só consumir um tipo de mídia, um tipo de música, um tipo de filme. A oferta é gigantesca. Nem digo que preciso gostar, mas começar a não saber mais que as coisas existem me deixa um tanto apavorado.

Por exemplo:
enquanto escrevo numa tela, na outra está passando esse vídeo:
Tudo bem, quase tudo ai está bastante longe do meu gosto, ainda me dou essa desculpa, mas como assim eu não reconheço nada? nenhum som, nem de alguma trilha sonora, nada! Talvez até o fim do vídeo, estou no primeiro terço, apareça algo que ouvi falar. Mas me senti velho pra cacete agora. 


2 comentários:

  1. Esse ano eu me vi numa situação inusitada, pra não dizer bizarra: na escola onde trabalhei, os professores de esquerda me irritaram de um jeito absurdo com sua agressividade. E tive amizade com um bolsomito (!!!). Mas tento olhar com essa perspectiva de que se relacionar só com quem tem a mesma linha de pensamento é chato demais.

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    1. Maniqueísmo era bem divertido no He-Man, o Bem vencia o Mal e espantava o temporal, no mundo real tudo é cinza. Não tem isso de preto e branco (ou vermelho e azul).

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