quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Comerciais que mudaram a minha vida, mas estão perdidos para sempre (eu acho)

Quarta de comerciais - 52 de 52 - 363 de 366

Existem alguns comerciais que marcaram época e são interessantes para todo mundo, mesmo quem não estava lá, naquele ano vendo TV. Outros são interessantes apenas para quem estava lá, e tem uma parcela, a mais obscura deles, que só fazem sentido (claro, depois de produtos vendidos e muitos anos passados) para alguém em especial.

Todos os comerciais que eu escrevi aqui no "Eu Escrevo Para Robôs" se encaixam em um dos dois primeiros tipos. Não sou da área da publicidade, meu interesse neles é mais o espírito de um época, algo de mágico que se tem no consumo, é algo como um resumo das expectativas de uma época em 30 segundos. Escrevi sobre esse assunto aqui: http://pararobo.blogspot.com.br/2016/02/comerciais-ustop.html em 17 de fevereiro. Eu fiz uma comparação com os intervalos da USTOP dos anos 70 e 80. Liberdade x sucesso.

Mas hoje é sobre aqueles comerciais que fizeram sentido para mim, por algum motivo, que raramente era o produto sendo vendido. Duvido que ache algum deles no Youtube, alguns nem lembro da marca do produto que estava sendo vendido.

Comercial da Som Livre do Gipsy Kings. Um comercial da Som Livre, sei que era por só passar na Globo, anunciava, o que acredito, ser uma coletânea do Gipsy KIngs. Eu nem sabia quem eram esses caras, mas adorei aquilo. Prestava atenção nas músicas deles quando, raramente tocavam em alguma rádio, mas só fui escutar Gipsy Kings de verdade depois da Internet. Entenda, era uma época diferente, comprar um disco era um evento, muita coisa se deixava passar, e quando comecei a comprar discos e fitas eu tinha descoberto o metal, depois o punk e o dark, só voltei no assunto muitos anos depois. E falar que gostava de Gipsy Kings você apanhava na escola, e dos metaleiros e dos punks, basicamente de todo mundo. Hoje estamos todos velhos e sem muito problemas em admitir que Bamboleo. O comercial deve estar perdido para sempre.


Imagem meramente ilustrativa por falta de outra.

Um comercial de banco, eu acho que era banco,de qual nem sei e nem é importante , . O produto não importa, se eram contas, cartão de crédito, novas agências, sei lá. Eram cenas de pessoas que se intercalavam, todas na frente do espelho, essa era a posição da câmera. Isso deve ter sido no começo dos anos 90. Nesse comercial pessoas faziam coisas normais de em frente do espelho. Só isso. O que o tornou importante para mim é que já criança eu achava tatuagens coisas incríveis, sonhava em ter alguma um dia no futuro. Mas não achava que isso seria lá possível. Estamos falando do início dos anos 90, gente tatuada ainda era parada pela polícia, todo mundo contava alguma história de algum tatuado que se fudeu nas drogas ou qualquer coisa envolvendo punks, metaleiros, cadeia, prostitutas e marinheiros. Resumindo, minha vontade de ter uma parecia distante e irreal. Até um cara aparecer nesse comercial com uma tatuagem no braço, um cavalo correndo (anos 80 né?) ele não tava fazendo nada de errado, ele estava fazendo a barba e tinha uma conta no banco, isso abriu novos horizontes para mim. A minha primeira tatuagem só viria uns 10 anos depois desse comercial. No momento tenho 14, mas já tá na hora de aumentar a coleção.

O comercial de Sandman. A editora Globo tinha a vantagem de poder anunciar seus produtos na TV, em seu canal. Um desses produtos foram algumas histórias em quadrinhos. Na época tínhamos um mercado de quadrinhos dominado pela Abril Jovem e seus formatinhos de 80 páginas. A impressão era uma merda, mas o custo benefício fazia valer a pena, outras editoras menores com trocentas publicações que acabavam descontinuadas e a Editora Globo. A Globo tinha edições em formato americano de quadrinhos adulto, leia-se: caro. Entre eles Akira e Sandman. (Ok tinha Dreadstar também, mas espere o próximo paragrafo). Sandman foi anunciado num desses comerciais. Eu não sabia o que era, não entendi nada do comercial, mas fiquei fascinado por aquilo. Pelo preço e o visual adulto eu só viria a ler Sandman uns 3 ou 4 anos depois em uma gibiteca de Santos. O que foi uma daquelas obras que mudou minha vida. Neil Gaiman é foda e complementando o paragrafo anterior, Sandman foi minha primeira tatuagem.

Dreadstar também era anunciado na TV, uma filmagem lenta da primeira capa aparecia enquanto o narrador falava. Dreadstar saiu em formatinho, ainda mais caro do que as edições da Abril, mas acessível. Foi a segunda série que colecionei, primeira foi uma minissérie chamada Protheus de um cara que viajava pelo espaço e podia mudar de forma de acordo com a necessidade. Mas Dreadstar foi minha entrada definitivamente no mundo dos quadrinhos, direto na ficção científica hardcore de contra cultura de Jim Starlin.

Menção Honrosa: O informecial do Mappin, responsável por meu pai comprar para o meu irmão e para mim um Super Charger (Um bootleg do Nintendo japonês).



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