terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Me obrigando a escrever. (parte 1)


Essa é a primeira parte de um conto que só tem a primeira (essa mesmo) pronta. Se tem alguém lendo esse blog ainda não sei, mas deixar isso aqui assim começado vai me deixar inquieto para continuar. Ainda sem título, apreciem a primeira parte.

***
 
A conta ainda não fechada estava martelando na minha cabeça, sabia que o negócio era grande, e que uma enorme quantia mudaria de mãos alheias para minhas mãos se eu fizesse tudo certo. Ou cabeças rolariam, a começar pela minha.

Já era mais de duas da manhã quando se tornou inútil revisar mais uma vez os papeis e as planilhas do excell, não conseguia me concentrar, e estar um bagaço na manhã seguinte de nada ajudaria.
Engoli meus impulsos workahollics com 2 comprimidos e fui deitar. Graças à medicina moderna não demorou 5 minutos para eu dormir.
Eu não costumo sonhar, ou pelo menos não me lembro dos meus sonhos, também para que alguém iria querer lembrar dos seus sonhos? Era uma coisa que eu não entendia. Nessa noite sonhei vividamente com uma casa, na verdade eu esperava que tivesse o resto da casa alí, no meu sonho era apena um cômodo, um quarto grande, cheirando a mofo e mal iluminado. Eu estava deitado em uma cama grande de casal, parecia antiga de Madeira escura e maciça, e por vários minutos o sonho foi apenas isso. Eu sentia com certeza que estava sozinho nesse quarto, como também tenho certeza que não escutei nenhuma porta abrir, nem passos. Mas de uma olhada para outra ela estava lá, do lado direito da cama.
Seus cabelos eram negros, numa confusão de cachos não muito longos, só o suficiente para cobrirem seu rosto, eu não conseguia ver nada além de seus olhos cinza ou azuis. Usada uma túnica branca muito larga e segurava uma bandeja de prata. Ela colocou a bandeja sobre a cama, ao meu lado. Tentei me levantar, mas quando ela me tocou eu perdi todo o tônus muscular, me senti relaxado como se estivesse prestes a dormir, não conseguia me mover.

A mulher misteriosa segurou a minha mão esquerda, passando seu corpo sobre o meu, da bandeja ela tirou uma grossa agulha de costura e um pedaço de linha viscoso que lembrava a pele de um tubarão, daqueles que vemos de documentários. Passou a linha pela agulha sem dificuldade e a colocou de volta na bandeja. Pegou um tecido ou couro tão negro e viscoso como a linha e começou a cortar usando uma tesoura de costura. Ela tinha certa dificuldade em segurar a tesoura, havia algo entre seus dedos que eu não conseguia ver. Cortou 5 pedaços retangulares e os colocou cuidadosamente na bandeja. Segurou minha mão esquerda delicadamente, pegou a agulha e um dos retalhos. Foi quando vi suas mãos, e percebi que ela tinha esse mesmo tecido viscoso costurado entre seus dedos, entendi o que ela pretendia e tentei me debater. Foi inútil, continuava paralisado, pedi, implorei que ela parasse. Mas ela nem parecia ouvir. Quando a agulha perfurou a carne do meu dedão eu senti a dor percorrer todo meu braço. Nunca tinha sentido dores assim tão reais em um sonho. Berrei com todas as minhas forças.
Acordei gritando. Instintivamente olhei minha mão, estava bem, foi só um sonho. No relógio do criado mudo, 3 da manhã. Voltei a dormir. Não tive mais sonhos.
 
Imagem retirada ao acaso desse post: http://writersense.blogspot.com.br/2010/08/how-to-write-short-story.html (um bom post sobre escrever. 

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